"Vamos correr a sacolinha"

07/06/2020

Um famoso bordão do humorista Chico Anysio, no personagem Tim Tones dizia "vamos correr a sacolinha". Representante de controladores de sistemas de rádio e TV ligados a Igreja Católica em todo o país, se reuniram em videoconferência com o presidente Bolsonaro para oferecer o que eles estão chamando de "mídia positiva", um espaço para mostrar aos fiéis, as ações do governo no combate à pandemia e outras áreas do governo. Em troca, eles pedem que estatais passem a investir com anúncios nessas emissoras, o objetivo é expandir suas redes de comunicação. O grupo solicitou acesso ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, principalmente, à Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom). O Pe Welinton Silva da TV Pai Eterno de Goiás foi bastante claro, "esperamos uma aproximação com a Secom, que tem R$ 127,3 milhões em contratos com agências de publicidade, para oferecer uma "pauta positiva das ações do governo" na pandemia da covid-19. A nossa realidade é muito difícil e desafiante, porque trabalhamos com pequenas doações, com baixa comercialização. Dentro dessa dificuldade, estamos precisando mesmo de um apoio maior por parte do governo para que possamos continuar comunicando a boa notícia, levando ao conhecimento da população católica, ampla maioria desse país, aquilo de bom que o governo pode estar realizando e fazendo pelo nosso povo. Precisamos ter mais atenção para que esses microfones não sejam desligados, para que essas câmeras não se fechem." De acordo com dados da Secom, emissoras ligadas a grupos religiosos receberam, no ano passado R$ 4,6 milhões em pagamentos da pasta por veiculação de comerciais institucionais e de utilidade pública. Os católicos ficaram com R$ 2,1 milhões e os protestantes, com R$ 2,2 milhões. Esse ano, emissoras de TV católicas já receberam, até agora, R$ 160 mil, enquanto as evangélicas, R$ 179 mil, de acordo com planilhas da Secom. Os membros da bancada católica pedem mais que dinheiro, eles pediam que Bolsonaro promova, mensalmente, um café da manhã de conversa e oração com eles. "Nós somos a maioria e a maioria é que ganha eleição sempre", alegou Francisco Jr., para quem as pautas da bancada "têm a cara de Jair Bolsonaro." O deputado Diego Garcia (Podemos-PR) afirmou, por sua vez, que a bancada quer fortalecer o governo. "O senhor pode contar 100% nas matérias pertinentes em apoio ao governo", disse Garcia a Bolsonaro.