FAKE NEWS Maldade ou ignorância? vale a pena pensar

12/07/2020

Desde o início da pandemia, diante do alto risco de contágio nos presídios o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) recomendou a tribunais e magistrados a avaliação da possibilidade de concessão de saída antecipada a detentos - em casos previstos em lei, e de prisão domiciliar àqueles já em regime aberto ou semiaberto. Imediatamente após essa recomendação circulou pelas redes sócias que 13,9% dos homicídios ocorridos no Brasil no mês de abril, foram consequência dos presos liberados pelos sistema penitenciário. A notícia encontrou eco, na maioria dos perfis agora derrubados pelo Facebook. Na verdade a notícia diz exatamente o contrário. A notícia verdadeira da conta de que no estado do Rio Grande do Sul em abril, 22 presos que tiveram liberdade concedida pela justiça, tinham sido vítimas de homicídios. 13,9% do total de assassinatos no período. Por pura vontade de gerar pânico, ou mesmo por não entender o que lê, a notícia foi distorcida. O percentual diz respeito ao perfil das vítimas, não dos autores. Explicando, os presos nesse caso, viraram vítimas e não autores dos homicídios. Um uma das fakes publicada havia a mensagem "Quer dizer que os presos soltos pelo Covid-19 já correspondem a 13,9% dos homicídios em abril. Alguém avisa aos iluminados governadores dos estados e ministros do Supremo que os presos soltos pelo Covid-19 já matam mais do que a Covid-19 ". A cientista social Sílvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança, esclarece que "Uma das maiores dificuldades no Brasil na área de justiça criminal é justamente a elucidação de crimes. Todas as pesquisas realizadas até hoje mostraram que menos de 10% dos homicídios tinham sido elucidados dois anos depois do cometimento do crime. Então essa informação é totalmente desprovida de verdade. Nenhum estado no Brasil tem na sua delegacia de homicídios a possibilidade de ter esse percentual de homicídio elucidado, com autoria identificada, em tão pouco tempo". O CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em um levantamento extra oficial mostrou que a taxa de quem voltou a ser presa é inferior a 2,5%. Não estamos entrando do mérito do certo ou errado a recomendação do CNJ, queremos mostrar quão danoso é uma notícia falsa.