A última cartada

O presidente Bolsonaro joga sua cartada final, como bom estrategista que mostrou ser, o presidente sabe que sua sobrevida a frente da presidência está por um fio e sem nada a perder, precisa de uma grande jogada, por isso contraria a ciência e o fato já conhecido de que o medicamento cloroquina não tem eficácia comprovada contra a covid-19 e publica um novo protocolo para seu uso mesmo em casos leves de infecção. O presidente assim blefa, usando a vida das pessoas como fichas. Se a partir dessa publicação e de seu uso, a curva da doença começar a achatar o presidente irá a público para dizer que contra tudo e todos, sua insistência no medicamento está dando resultados. Eu sou o "MITO". Caso o resultado seja inverso ele só vai lamentar, ou simplesmente repetir "não sou coveiro" "e daí". Luciano Cesar Azevedo, superintendente de ensino do Hospital Sírio-Libanês, declarou que, apesar do grande número de pesquisas em curso, os próprios médicos que atuam nos estudos ressaltam que é preciso cautela: com as informações que se dispõe, não há garantias que um protocolo para tratamento da doença seja seguro. "Ciência é uma coisa muito complexa. E ciência apressada por uma pandemia é ainda mais imprevisível. O que a gente tem, não só no Brasil como no mundo inteiro, é muita opinião. Muito achismo. E o achismo não funciona com pacientes", diz o médico.

"'Eu acho que tal remédio funciona, porque eu dei para três pacientes e os três melhoraram'. Como você pode ter certeza que foi o remédio que você deu que causou a melhora? Eles podem ter melhorado porque a imensa maioria dos pacientes com covid-19 melhora. Com remédio, sem remédio ou apesar do remédio", reforça ele. Enfim, o que se sabe de verdade sobre a cloroquina é que não existe nenhuma comprovação de sua eficácia, mas existem dezenas de pesquisas que mostram os efeitos colaterais pelo seu uso, alguns até letais. Você autoriza o uso do medicamento?