Vamos aos Fatos

27/02/2020

Jair Bolsonaro compartilhou vídeo em que o povo é convocado às ruas para se manifestar à seu próprio favor. Existe uma mensagem, não explícita, subliminar, que criminaliza o congresso nacional e o STF, e também de forma enviesada, "mostra" como ambos impedem que Bolsonaro implemente mudanças "moralizadoras" na nação. Em última análise, a mensagem traz uma proposta de dissolução do congresso e estabelecimento de uma ditadura. Desde o início de seu mandato Bolsonaro testa os limites de sua autoridade, das instituições e da legalidade. Penso que ele acreditava que seu fortalecimento seria inevitável à medida que a economia se fortalecesse e a esquerda fosse esmagada como força política. Deu tudo errado! A economia não decolou. Muito pelo contrário, investidores estrangeiros abandonaram o país e a indústria não consegue se firmar apesar da queda dos juros. O desemprego não dá sinais de queda mantendo-se em torno de 12%. Bolsonaro iniciou seu governo com uma aprovação de quase 50% entre ótimo , bom e regular. Porém, seu destempero, as ações estabanadas de seus filhos, as denúncias de ligações com milícias e ao uso indiscriminado da violência, levaram à gradativa queda deste número. Também as denúncias contra Flávio Bolsonaro, no caso das "rachadinhas" e as denúncias de um possível envolvimento de Carlos Bolsonaro no caso Marielle, ajudaram a desgastar sua imagem. Os constantes atritos com a imprensa, a linguagem chula e vulgar e as agressões a autoridades brasileiras e estrangeiras pioram a situação. Na última pesquisa confiável Bolsonaro estacionara em aproximadamente 30% de aprovação. É a maior queda de popularidade de um presidente em seu primeiro ano de governo.

O carnaval de 2020 é o termômetro esperado para se conhecer qual a atual aprovação do presidente. Bolsonaro foi repudiado e ridicularizado em todo o país (e no exterior - grifo é nosso). Pode ser que haja sua aprovação próximo de 25%, sem sinais de recuperação econômica este número tende a cair. Bolsonaro tem ciência desses números e encontra-se em um dilema. Ou acirra a polarização contra o legislativo e judiciário e mantém a imagem do guerreiro e guardião da moralidade (contra o PT não funciona mais), ou assiste seu governo definhar e desaparecer. A Bolsonaro só resta virar a mesa, derrubar o tabuleiro e acabar com o jogo. Resta saber se ainda tem força para isso.

Colaboração: Professor Marcos Rodrigues RJ