Analogia muito mal sucedida

24/11/2019

"Vamos imaginar que o Itamaraty é uma loja com vários produtos". Foi assim que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, começou seu confuso discurso sobre a nova política externa brasileira, em seminário realizado nesta quinta-feira (21), na Câmara. Seguindo o caminho das péssimas analogias iniciado pelo presidente, Araújo continua sua estória. O Itamaraty tinha uma tradição de fabricar "fogões" reconhecidos internacionalmente e fazia com que os governos adotassem o "fogão" mesmo buscando outros "eletrodomésticos". Segundo ele, Bolsonaro foi o primeiro a recusar o "fogão" e buscar uma "motocicleta". "As pessoas falavam 'não, presidente, nossa tradição é o fogão, internacionalmente respeitado', mas o presidente não quis, ele queria uma motocicleta e nós estamos tentando construir e entregar essa motocicleta, porque é o que esse presidente prometeu em sua campanha ao povo brasileiro. O povo brasileiro não queria um fogão, queria uma motocicleta", afirmou Araújo. "Mas nós também estamos produzindo fogões", disse ainda. De toda essa absurda analogia, o que fica é que as mudanças promovidas pelo governo criou tensões internas e externas imensas, sem se importar com a tradição diplomática brasileira de não fomentar conflitos, se ele quer motocicleta, que todos façam o impossível, mas ele quer uma motocicleta. Buscar sempre o diálogo com as nações e manter uma relação boa ficou em segundo plano, exceto porém submissão com relação aos Estados Unidos. Não lembro, em toda nossa história republicana, que já assisti. Um momento onde estivemos tão mal representados como agora.