Editorial

31/01/2020

Já estão se esgotando todos os adjetivos possíveis para esse governo. Um verdadeiro circo, onde os palhaços somos nós. Ao chegar de viagem, o presidente em uma de suas apoteóticas aparições, exonerou sumariamente o número dois da Casa Civil José Vicente Santini. Pelo fato de ele ter usado um jato da FAB e não um voo comercial, em viagem a Davos e Índia. Em nossa reportagem de quarta-feira (29), averiguamos que outros 13 ministros também solicitaram jatos da FAB. Somente nos primeiros 26 dias de 2020, os aviões da FAB decolaram 42 vezes e já transportaram 382 passageiros. Essas informações fazem parte de um levantamento que efetuamos no site da Força Aerea https://www.fab.mil.br/voos e tem por base as atas de registro de voos do órgão. Durante 2019, os membros do novo governo fizeram 1060 viagens, a cada oito horas uma autoridade solicitou um jatinho da FAB, 20 dos 22 ministros utilizaram a regalia, com um motivo mais que frequente "uso em serviço". A bem da verdade, o número registrado em 2019 e menor que o do governo passado, lembrando porém que em 2018 aconteceu a tragédia de Brumadinho e com isso o número de voos foi mais frequente. Sem questionar a autonomia presidencial de exonerar qualquer cargo de confiança como lhe convir, uma retrospectiva mostra graves falhas de interpretação da maioria delas, vejamos alguns exemplos, sem respeitar nenhuma sequência dos acontecimentos. O ex ministro Bebiano, exonerado depois de um encontro com executivos da Rede Globo, que segundo o presidente quebrou sua confiança, dias depois os mesmos executivos foram recebidos no Planalto; O Ministro Santos Cruz por uma suposta gravação que contrariava a ideologia do governo. Recentemente a PF concluiu análise nos áudios eles eram Fakes; Ricardo Galvão, presidente do Inpe, foi exonerado após divulgação da expansão das queimadas e das áreas desmatadas na amazônia, o governo negou e depois ficou claro que o Galvão tinha razão; Joaquim Levy, pediu demissão no BNDES, antes de ser exonerado, o presidente alegou demora em abrir a caixa preta do Banco. Agora o atual presidente Gustavo Montezano, foi a público e declarou que não houve ilegalidade nem nos contratos nem na investigação do banco. E sugeriu que, diante disso, estava na hora de deixar essas dúvidas sobre a caixa-preta do BNDES para trás. Mesmo a mais recente exoneração a de Santini, pelo uso (legal) mas imoral, de uma aeronave da FAB, as justificativas são dúbias, outros 13 ministros também ja fizeram uso, outra alegação foi o desperdício de usar um voo para três passageiros. De abril a dezembro 2019, foram feitas pelo menos 64 viagens oficiais, utilizando as aeronaves da FAB, com, no máximo, três passageiros previstos. Em três desses deslocamentos, os voos foram para destinos internacionais, sem previsão no decreto que regulamenta o tema. Enfim o que nos faz refletir são as regras utilizadas , é o famoso dois pesos e duas medidas. "EU TENHO UMA OPINIÃO"