CARROS AUTOMÁTICOS - Segurança e comodidade mas tem um preço

Cada vez mais presente nos automóveis zero-quilômetro vendidos no Brasil, o câmbio automático traz vantagens indiscutíveis. A comodidade de contar com uma tecnologia que troca as marchas para você é um dos principais benefícios desse tipo de transmissão. Contudo, nunca é demais lembrar que o câmbio automático também requer cuidados na respectiva operação e também na sua manutenção preventiva.Segundo especialistas consultados por UOL Carros, o mau uso e a falta de cuidados, com o passar do tempo, vão danificando componentes dessa transmissão - cujo reparo não costuma ser barato.
Veja cinco exemplos de como detonar o câmbio automático do seu veículo e depois gastar uma fortuna com o mecânico
1 - Selecionar 'P' ou 'R' com carro em movimento
Ao manobrar, na pressa, é comum o condutor selecionar a opção "R" (ré) com o veículo ainda se movimentando para a frente. Ou acionar "P" (estacionamento), que trava as rodas motrizes, antes de o carro parar completamente. Mesmo que esse erro aconteça a baixa velocidade, destaca o engenheiro Cláudio Castro, com o tempo ele vai danificando componentes da transmissão automática, como engrenagens. O risco é maior em câmbios mais antigos, cujas posições são acionadas mecanicamente. Modelos mais recentes são equipados com um controle eletrônico que impede acionar a ré ou a posição de estacionamento com o veículo ainda se movimentando".
2 - Tentar fazer motor 'pegar no tranco'
Segundo o ex-presidente da AEA (Associaçao Brasileira de Engenharia Automotiva) Edson Orikassa, teoricamente seria possível fazer um carro automático "pegar no tranco". Contudo, o engenheiro mecânico e diretor técnico da SAV Motors do Brasil destaca que muito dificiimente a tática será bem-sucedida. Ele lembra que o sistema de injeção de combustível também requer eletricidade para que possa funcionar. Além disso, o risco de detonar a transmissão é muito elevado e a tentativa não compensa. "Mesmo que você consiga colocar a transmissão em 'N' para movimentar o veículo e selecionar a posição 'D' em seguida, não recomendo tentar", alerta Orikassa. Segundo o engenheiro Erwin Franieck, membro da SAE Brasil, um dos riscos de tentar fazer o motor 'pegar no tranco' é o rompimento da correia dentada. Responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas, essa correia pode já estar desgastada, orisco de rompimento aumenta se o "tranco" for muito forte. Segundo Franieck, a possibilidade de estragos cresce se o motor for a diesel, que tem taxa de compressão ainda maior Há o risco, ainda, de danificar outras peças, como pistões e bielas, o que obrigaria a fazer uma retífica do motor. Esses alertas valem tanto para carros manuais quanto para automáticos. "Se a bateria ficar descarregada, o recomendado é fazer a 'chupeta', conectando-a a outra com carga ou a um carregador rápido portátil. Caso a bateria não retenha carga, aí será necessário trocá-la por uma nova", orienta Orikass.
3 - Ignorar a troca de óleo do câmbio
Muitos acreditam que câmbio automático não requer manutenção e essa crença pode gerar prejuízos pesados lá adiante Transmissão automática tem engrenagens e outras peças que precisam estar bem lubrificadas As especificações e os prazos para a troca do fluido são indicados no manual do veículo e devem ser respeitados O serviço, inclusive, pode ser antecipado, dependendo das condições de uso do automóvel Vale destacar que alguns modelos não trazem a recomendação de troca de óleo, que supostamente dura por toda a vida útil do veículo No entanto, isso não significa que a transmissão automática está livre de problemas de lubrificação. Pode acontecer algum vazamento, o que reduz o nível do lubrificante, elevando o atrito entre partes internas e elevando a temperatura, que é uma grande vilã quando se trata de carros automáticos" Edson Orikassa, engenheiro O especialista destaca que, além da redução no nível, o óleo do câmbio pode receber algum tipo de contaminação por agentes externos, o que reduz a sua eficiência. Vale verificar o lubrificante durante as revisões. Se apresentar uma aparência escurecida, isso pode sinalizar que já não apresenta as características necessárias de lubrificação. Problemas com o óleo apresentam sintomas comuns, como trancos na troca de marchas. A transmissão também pode "patinar", ou seja, ao acelerar o carro demora alguns instantes para tracionar as rodas.
4 - 'Segurar' o carro na lomba com acelerador
Um erro comum em carros manuais é manter o veículo parado no aclive dosando os pedais da embreagem e do acelerador A prática detona a embreagem e, se for recorrente, fará com que o item tenha de ser trocado prematuramente Automóveis automáticos também são capazes de permanecer parados na lomba sem a necessidade de o condutor acionar os freios Dependendo da inclinação, a marcha lenta já é suficiente para "segurar" o carro. Em outros casos, basta colocar uma leve pressão no pedal do acelerador para isso acontecer. Ainda que veículos automáticos convencionais utilizem conversor de torque, que não sofre desgaste mecânico como a embreagem, mantê-los parados da forma descrita acima é uma "barbeiragem" Usar a marcha lenta ou a aceleração para 'segurar' o carro esquenta o óleo da transmissão e aumenta o consumo de combustível sem necessidade. Especialistas recomendam manter o pé no freio sempre que o carro estiver parado, como em semáforos, independentemente da inclinação da via. Dessa forma, o conversor de torque é desacoplado e o motor fica livre, sem gastar combustível.
5 - Colocar o câmbio em neutro ao parar no semáforo
Câmbio automático pode ser operado por alavanca que percorre um trilho ou trazer comandos no estilo "joystick". Motoristas acostumados com veículos manuais têm o hábito de colocar o câmbio em ponto morto ao parar no semáforo ou em congestionamentos. A prática está correta, pois assim o condutor deixa de manter o pedal da embreagem pressionado durante a parada, preservando o componente. Contudo, em carros automáticos, a recomendação é outra: o correto é manter o câmbio na posição "D" e o pé no pedal do freio. Ao manter a alavanca de cambio na posição "D" com o pé no freio, isso mantém o sistema hidráulico pressurizado e os componentes lubrificados. A lubrificação de muitas transmissões automáticas depende da respectiva conexão com as rodas. Camilo Adas, conselheiro da SAE Brasil, acrescenta que função "N" (neutro) foi criada para situações de manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o motor desligado, liberando as rodas de tração Alguns carros trazem tecnologia que desacopla automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para poupar combustível. Essas são apenas algumas dicas de nossos parceiros. No novo bairro Olaria em Pequeri duas oficinas, uma elétrica e outra mecânica, podem manter a manutenção de seu carro em dia. De uma conferida.