Dois pesos e duas medidas

04/08/2022

Em 20 de agosto de 1993 o então deputado federal Jair Bolsonaro gritou durante um encontro com coronéis e generais da reserva na sede do Clube Militar do Rio de Janeiro. "Esse Congresso está mais do que podre". "Estamos votando uma lei eleitoral que não muda nada. Não querem informatizar as apurações. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão 30 mil votos, e só serão computados 3.000". Nem parece a mesma pessoa. Na época ele (o presidente) fazia uma defesa ferrenha na recente urna eletrônica, como um antídoto contra fraudes que ocorriam no voto impresso. Já naquela época, nessa reunião sigilosa os participantes divididos, planejavam a retomada do poder. Uns defendiam o lançamento de candidaturas para as eleições de 1994. Outros, como Bolsonaro, sustentavam que a via democrática era um "sistema viciado". No final daquele ano, o grupo defendeu inúmeras providências que julgavam necessárias para garantir a lisura do processo eleitoral, entre elas, a proibição do voto dos analfabetos, a exigência de segundo grau (o antigo ensino médio) para os candidatos e a informatização das eleições. Hoje como presidente da república ele faz ferrenhos ataques à urna eletrônica. Dois pesos e duas medidas.