Igual água barrenta quanto mais mexe mais suja fica

25/06/2022

De acordo com informações obtidas pela agência Reuters, O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro estava "ciente da busca e apreensão" que seria alvo e essa informação "supostamente" foi obtida por meio de uma ligação telefônica com o presidente Jair Bolsonaro, segundo relato que consta em despacho desta sexta-feira do delegado da Polícia Federal Bruno Cesar Calandrini de Azevedo Melo. As conversas foram obtidas através de uma interceptação autorizada pela Justiça, a mesma que descobriu a existência de aparelhos diferentes para as conversas privadas entre o ex-ministro e pastor envolvido. No documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o delegado da PF cita apenas quatro conversas telefônicas de Milton Ribeiro com interlocutores entre 3 e 22 de junho dia em que o ex-ministro foi preso na operação policial que investiga suspeitas de corrupção e desvio de recursos públicos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). "As transcrições das conversas datadas acima evidenciam que MILTON RIBEIRO estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores GILMAR e ARILTON", disse o relato do delegado, quanto a isso não restam dúvidas, de acordo com a conversa do ex-ministro com outros investigados na operação. Após fazer o relato, o delegado destacou que os indícios de vazamento da operação da PF são "verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado". O advogado da primeira dama, que foi chamado pelo ex-ministro Daniel Bialski, informou ter recebido "com surpresa" a decisão judicial de remeter o caso para o Supremo. Em nota ele diz "Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", disse a defesa de Ribeiro. O advogado afirmou ainda que vai analisar o material e indicou que poderá pedir anulação das investigações conduzidas na primeira instância. "Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência e somente reforça a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise", salientou. No entanto, a Justiça Federal em Brasília decidiu encaminhar o caso envolvendo Ribeiro ao Supremo após o Ministério Público Federal ter citado uma "possível interferência ilícita" de Bolsonaro nas investigações que resultaram na operação da PF que prendeu o ex-ministro da Educação. Na quinta-feira, o procurador da República Anselmo Lopes disse à Justiça que também há "indícios de igual interferência" na investigação conduzida pela PF por ocasião do "tratamento possivelmente privilegiado" que recebeu o ex-ministro, que não foi conduzido ao Distrito Federal para que pudesse ser interrogado.