INTERNACIONAL - O cara-de-pau…

02/04/2024

Com uma cara-de-pau, que nem todo óleo de peroba do mundo daria jeito, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reconheceu que um ataque conduzido pelo Exército israelense resultou na morte de sete membros da ONG World Central Kitchen na Faixa de Gaza, mas minimizou o fato ao dizer que situações assim acontecem em guerras. "Infelizmente, no último dia houve um caso trágico em que as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Acontece em guerras, e estamos verificando até o fim, estamos em contato com os governos, e tudo faremos para que isso não aconteça novamente", disse Netanyahu nesta terça-feira (2). Os bombardeios e ataques indiscriminados do Exército israelense já resultaram na morte de mais de 32 mil palestinos na região de Gaza. Tribunais internacionais já determinaram o cessar fogo na região, mas são sistematicamente ignorados pelo governo de Israel. O ataque, ocorrido na segunda-feira (01) matou sete pessoas de diversas nacionalidades, incluindo cidadãos do Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, Canadá e Polônia, além de um palestino. A WCK (World Central Kitchen), fundada pelo chef espanhol José Andrés, havia enviado uma carga de alimentos por navio ao enclave palestino poucas horas antes do bombardeio. A organização é reconhecidamente humanitária e tem atuado desde o inicio dos conflitos. Há duas semanas ela enviou um navio com ajuda humanitária para Gaza em parceria com a ONG Open Arms, que resgata imigrantes no mar Mediterrâneo. Devido ao incidente, a WCK anunciou a suspensão de suas atividades na região. A justificativa de Benjamin Netanyahu, ao que parece, é que se distância um pouco da realidade, e vai alem de um trágico resultado, a WCK confirmou que o ataque foi desproporcional. Os veículos atingidos pelo ataque israelense circulavam sozinhos em uma área sem conflitos, os carros eram blindados e estavam devidamente identificados com o logo e o nome da ONG. Para Erin Gore, CEO da World Central Kitchen, o ocorrido não foi um ataque apenas à sua organização, mas também a todas as organizações humanitárias que prestam assistência em situações de conflito. O chef José Andrés lamentou a morte de membros da ONG e enfatizou que "trabalhadores humanitários nunca deveriam ser alvos de ataques". O ataque gerou repercussão internacional. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse estar "chocado". O premiê espanhol, Pedro Sánchez, se disse "horrorizado", e o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, cobrou explicações do governo israelelnse. Uma das vítimas do bombardeio israelense era uma funcionária australiana da ONG. A bem pouco tempo, o presidente Lula da Silva era quase que uma voz uníssona contra o massacre, você lembra?