Quero privatizar tudo!

09/09/2019
Foto Divulgação/Arquivo Internet
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Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada ontem (9) o mineiro Paulo Guedes contextualizou escancaradamente "Eu quero privatizar todas as empresas estatais, vamos desindexar, desvincular e desobrigar todas as despesas de todos os entes federativos ". Ao que parece, agora não são mais empresas deficitárias Guedes quer entregar "todas" as estatais a privatização. Guedes também anunciou que quer recriar a CPMF, que obviamente será rebatizada, é o que ele chama de "transformação sistêmica". O ministro não deixou dúvida quanto à voracidade fiscal do governo Bolsonaro e diz que fará a lista das empresas públicas a serem alienadas e o governo vai fazer aprovar uma lei autorizando a inclusão dessas empresas no Programa de Desestatização. Em outra ocasião o ministro disse temos que criar o PAP - Programa de Aceleração das Privatizações. Ao invés de levarmos as empresas privatizáveis uma a uma ao TCU, vamos pegar a lista de estatais e levar ao presidente da República. Aprovadas as que ele quer privatizar, enviaremos ao TCU e encaminharemos um projeto de lei ao Congresso para incluir a lista aprovada no programa de desestatização. Temos daqui para o fim do ano para pensar em coisas muito grandes. Vendendo uma estatal, estamos desaparelhando politicamente as empresas e limpando o caminho para o que chamamos tecnicamente de "crowding in". O Brasil fez o" crowding out". Nos últimos 30 anos o país expulsou o investimento privado. Como é prática do "Novo Goveno" falar sem qualquer comprovação empírica neste caso não é diferente. Não existe nenhuma comprovação que de que as empresas estatais expulsavam os investimentos privados da economia. A realidade mais recente é exatamente outra, durante o governo anterior o Programa de Aceleração do Crescimento liderou o maior ciclo de investimentos em infraestrutura da história recente. No PAC, foram construídos milhares de quilômetros de linhas de transmissão, as usinas de Belo Monte e do Rio Madeira, os parques de geração eólica e os novos aeroportos (alguns já privatizados), os estaleiros navais (destruídos pela Lava Jato), além de milhares de residências no âmbito no Minha Casa, Minha Vida. Entre o anos 2014 ate agosto de 2016 o Brasil alcançou, a menor taxa de desemprego de sua história, que foi de apenas 4,3%. De lá para cá, instalou-se o caos no país. Mais uma vez o "Novo Governo" quer mudar a história. Não existe nenhum antecedente que comprove a tese do ministro. Países que romperam a barreira do subdesenvolvimento utilizaram o estado e suas empresas públicas como indutores do investimento privado. Guedes inventou essa história de "crowding in", mas seu objetivo é apenas privatizar e gerar oportunidades de rapina para os patrocinadores do golpe de 2016. Nada indica que o PAP fará o Brasil crescer, mas muitos bilionários ficarão ainda mais ricos.