Dirigentes empresariais alemães dizem que com a imagem manchada em relação à questão ambiental um encontro nesse momento com representantes do Brasil,  vem sendo internacionalmente criticado.

01/10/2019

O ministro Ricardo Salles está em Berlim, em uma segunda etapa de seu giro na Europa, com o objetivo de atrair investimentos estrangeiro, e nos caso especial da Alemanha tentar minimizar a situação das contribuições do Fundo da Amazônia, afetado pelas queimadas e pelos discursos do presidente Bolsonaro. A visita de Salles à capital alemã está um tanto nebulosa. Já que não há registros de encontros na agenda oficial do site do Ministério do Meio Ambiente, nem do Itamaraty. A Embaixada em Berlim confirmou apenas que o ministro tem compromissos nesta segunda e terça, e que terá encontros com autoridades do governo alemão, empresários e com a mídia local. Nesta segunda (30), Salles deu uma entrevista ao jornal conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung. As agências de notícias alemãs noticiam que o Fundo Amazônia será pauta de uma reunião. A decisão do governo brasileiro de unilateralmente alterar os mecanismos de gestão do fundo e sua total omissão nos casos de desmatamentos e queimadas na região, já fizeram com que a Noruega uma das principais parceiras do fundo congelasse os repasses, enquanto isso o ministério do Desenvolvimento Alemão afirma que até o momento não congelou o repasse, mas que o envio das próximas parcelas vai depender de uma ação mais efetiva por parte do governo. A ministra Svenja Schultze é do SPD, partido dos social-democratas, que governam numa grande coalizão com Merkel suspendeu recentemente recursos destinados a projetos ambientais no Brasil, depois de criticar fortemente o governo pelas queimadas na Amazônia. Segundo fontes do seu ministério, ela dificilmente vai voltar atrás sem que novos compromissos e números provando que as queimadas estão sob controle sejam colocados sobre a mesa. De nada adiantou o discurso do presidente na ONU, já que sua política de controle ao desmatamento e seus esforços para conter as queimadas não refeltem o que diz. Pelo menos 15 empresas foram convidadas para um encontro com Salles. Entre elas, estão pesos-pesados da indústria alemã, como Basf, Bayer, Bosch, Mercedes Bens e Siemens. Elas têm interesse em ampliar seus investimentos no Brasil. Quem está ajudando a organizar esse encontro é a Câmara de Comércio Brasil Alemanha. Mas os dirigentes empresariais alemães sabem que um governo brasileiro com uma imagem manchada em relação à questão ambiental pode ser contraproducente para seus próprios negócios, já que o fato de ministros e empresários se encontrarem nesse momento com um representante do governo que vem sendo internacionalmente criticado.