Ministro Moro só pode estar sofrendo de uma séria amnésia 649.551 mensagens 

06/07/2019
Foto Divulgação/Arquivo Internet
Foto Divulgação/Arquivo Internet

Já não se mantém de pé, as declarações do ministro Moro, quando não reconhece a veracidade do conteúdo até agora divulgado, e que em tese, o faria alvo de investigação. A VEJA, recebeu o material completo do The Intercept e segundo sua equipe, analisou palavra por palavra de 649 551 mensagens, chegando a conclusão que o material é autêntico e que o caso é ainda mais grave. Os analista são unânimes em garantir, "Moro cometeu, sim irregularidades" O material prova que, na privacidade dos chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava bronca neles. Em um dos diálogos o Promotor Deltan Dalla­gnol, chefe da força-tarefa em Curitiba, avisa à procuradora Laura Tessler que 'Moro' o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu - Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo, e um dos principais operadores de propina no esquema de corrupção da Petrobras. Skornicki tornou-se delator na Lava-­Jato e confessou que pagou propinas a vários funcionários da estatal, entre eles Eduardo Musa, mencionado por Dalla­gnol na conversa. "Laura no caso do Zwi, Moro disse que tem um depósito em favor do Musa e se for por lapso que não foi incluído ele disse que vai receber amanhã e da tempo. Só é bom avisar ele", diz. (VEJA manteve os diálogos originais com eventuais erros de digitação e ortografia.) "Ih, vou ver", responde a procuradora. No dia seguinte, o MPF incluiu um comprovante de depósito de 80 000 dólares feito por Skornicki a Musa. Moro aceita a denúncia minutos depois do aditamento e, na sua decisão, menciona o documento que havia pedido. Ou seja: ele claramente ajudou um dos lados do processo a fortalecer sua posição. Em algumas cortes americanas, o juiz não pode estar com uma parte do processo sem a presença da outra, o ministro vem repetindo que atendia tanto os encarregados da acusação quanto os da defesa no dia a dia e tinha conversas com eles, nenhuma delas imprópria, na sua visão. De fato, está na rotina de um juiz receber as partes envolvidas no processo, mas de maneira oficial, sempre com registro, e não por meio de um sistema privado de comunicação "O juiz deve aplicar a lei porque na terra quem manda é a lei. A justiça só existe no céu", diz Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, falando em tese sobre o papel de um magistrado. "Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz." Esta novela ao que parece está longe do seu capítulo final. Vamos aguardar.