ANIMUS

30/07/2019
Foto Divulgação/Arquivo Internet
Foto Divulgação/Arquivo Internet

Na segunda metade do século XIX chegaram ao Brasil milhares de imigrantes italianos que iriam trabalhar nas fazendas de café do sudeste em substituição à mão-de-obra escrava. Isto era fruto das mudanças econômicas e políticas vividas tanto no Brasil quanto na Itália. Os camponeses italianos, expulsos de suas terras, eram convencidos de que o Brasil era um país de oportunidades e que se tornariam proprietários e enriqueceriam rapidamente. Foram violentamente explorados.

Também vieram para trabalhar nas nascentes indústrias brasileiras de São Paulo. Com os recursos gerados pelo café, São Paulo despontava como principal polo de industrialização do país.

Os operários italianos trouxeram com eles as propostas anarquistas e anarcossindicalistas. Traziam as ideias que questionavam a exploração do proletariado e a concentração de riqueza. Não tardou para que as elites reagissem e em 1907 foi aprovada a lei proposta pelo deputado Adolfo Gordo que determinava a expulsão de estrangeiros envolvidos em atividades políticas e participação em greves. No ano de 1923, agora como senador, Gordo voltou aos holofotes do cenário nacional com outra lei, também apelidada de Lei Adolfo Gordo, mas neste momento dando atenção à imprensa. Seu objetivo foi censurá-la e, por conta disso, ganhou a alcunha de "lei infame" no meio jornalístico.

Ontem, o ministro da justiça Sergio Moro publicou portaria determinando o impedimento de ingresso, a repatriação e a deportação sumária de pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. Repete-se o mesmo "animus" de Adolfo Gordo, ou seja, impedir críticas e cercear ideias que questionem aqueles que se encontram no poder.

As elites brasileiras não mudaram em um século! Permanecem se agarrando ao poder na certeza de manter as estratégias que garantem a perpetuação de privilégios e exploração dos mais pobres. Quando afrontadas por uma realidade de insatisfação sacam leis e portarias que punem com rigor a todos que dão voz a esta dor.

Concomitantemente Jair Bolsonaro dá uma aula de preconceito e estupidez! Chama um jornalista premiado e um deputado federal de "malandros". Diz que o primeiro se casou com "um homem" por malandragem! Enfatiza sua limitação de entender e aceitar a liberdade de cada ser humano gerir sua própria vida!

Por fim, o estúpido Bolsonaro, diz que o que não presta tem mesmo que ser mandado para fora do país. E, quem determina o que não presta? O limitado e preconceituoso Bolsonaro?

Colaboração. Professor Marcos Rodrigues RJ