Inedito... o primeiro governo a demitir um presidente do Inpe

04/08/2019

Como temos falado em várias edições o presidente instaurou o reinado de copas no governo, se for contrariado... corte-lhe a cabeça. Desta vez a vítima foi o ex presidente do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Ricardo Galvão. Depois de ir contra a declaração do presidente e garantir os dados sobre o desmatamento da amazônia. Bolsonaro sobre a alegação de quebra de confiança exonerou o servidor. O fato gerador da polêmica foi o relatório que indicava um aumento de 68% do desmatamento na primeira quinzena de julho. Bolsonaro desacreditou os dados, sem no entanto apresentar nenhum outro, baseado somente em seus achismos. Galvão classificou a fala do presidente de "atitude pusilânime e covarde". Um simples sobrevoo pela região, mostraria a verdade dos fatos. Neste final de semana, depois de uma conversa com o ministro Marcos Pontes da Ciência e Tecnologia o pesquisador foi sumariamente dispensado.

"Em 20 anos, nunca um diretor foi demitido. Eles são escolhidos em um processo meritocrático, inspirado nas universidades americanas, que determina que a direção do órgão só pode ser exercida por quem passou por uma avaliação científica". O deve acontecer com o órgão a partir de agora, é o mesmo que espera nossa embaixada americana. Antes o presidente do inpe era conduzido ao cargo depois de passar por um criterioso processo de seleção e avaliação de currículo, carreira científica e planos para o Inpe. O processo é feito por um banca de notáveis indicados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, acontece desde 1999. Como será a próxima indicação? A demissão de Galvão não resolve o problema do governo brasileiro em relação à pressão internacional pela conservação da Amazônia, substituir um presidente, por outro, segundo ele mesmo alinhado aos interesses do governo de nada vai adiantar. De acordo com o pesquisador, dezenas de grupos fazem monitoramento de satélite semelhante ao do Inpe hoje, o que comprovaria a veracidade das informações divulgadas pelo instituto. "Os dados vão surgir, quer o governo queira, quer não." durante toda esta semana a gestão ambiental do governo Bolsonaro ganhou destaque na imprensa internacional e foi capa do jornal americano The New York Times e da revista britânica The Economist, que chegou a sugerir boicote a produtos brasileiros produzidos em área desmatada. Toda a comunidade internacional está horrorizada com a política de meio ambiente do governo. É muito grave que ele queira suprimir informações que são públicas desde 2003. A intenção do governo é manipular os dados, os fatos não interessam. O presidente deveria dar total apoio e não caluniar ou desmerecer uma instituição cujos dados já foram usados em mais de sete mil estudos pelo mundo.