Ser fiel a quem te paga, passando por cima dos princípios éticos vale a pena?
A fidelidade à fonte pagadora é sem dúvida o maior problema enfrentado pelos servidores públicos, principalmente quando esta fidelidade vai de encontro a princípios, morais, jurídicos ou sociais. Este certamente tem sido o dilema enfrentado por ao menos alguns dos ministros do novo governo. A ministra da agricultura, Tereza Cristina em um evento da Câmara de Comércio Arabe-Brasileira, disse que nos da imprensa exageramos na repercussão a respeito das queimadas segundo ela, nossa cobertura aos 83% de aumento no número de queimadas e exagerada. Será mesmo que ela pensa assim? "Eu não posso descartar, não sou eu quem faz o boicote. Podem ser eles. Mas não existe nenhuma relação entre um problema na Amazônia, que acontece todos os anos, com o exagero que foi colocado nesse problema. Ele existe e o Brasil sabe disso, tem preocupação com as queimadas que acontecem todos os anos. Mas é um oportunismo dizer que tem relação com os produtos brasileiros" O que a ministra omite é que mesmo na mais severa condições de seca ocorrida em 2016 e os fortes ventos provocados pelo El Niño os índices chegaram a 67,790 bem menores que os 85% dos últimos meses. A possibilidade real do boicote, tem o mesmo propósito do "Dia do Fogo", com a grande diferença de não ser criminoso. São para chamar a atenção do governo para suas ações equivocadas e tão comuns. Os discursos algumas vezes são tão desencontrados que a ministra foi capaz de dizer que o presidente francês Emmanuel Macron, é um "oportunista". Segundo ela, "os recursos enviados para o Brasil nem sempre dão para o que é necessário, que acho que é a fiscalização. Se querem preservar a Amazônia, coloque mais dinheiro aqui para ajudar nessa preservação, mas não pode interferir na soberania do nosso país". Totalmente contrário ao discurso do presidente e do ministro Onyx que dizem não precisar dos recursos internacionais. Ministra Tereza Cristina 83% de aumento nas queimadas, pense bem, nossa cobertura (da imprensa em geral) é proporcional ao tamanho dos estragos, se estamos exagerando, os estragos também são exagerados e possivelmente poderiam ser reduzidos. O mundo está preocupado em como proteger um recurso tão importante para o planeta, embora o presidente, 'ande' para a ciência. Cientistas alertam que a Amazônia está se aproximando de um ponto crítico, no qual o dano causado à floresta pode se tornar irreversível.