Uma questão de interpretação
"Uma questão de interpretação". É dessa forma que o Grupo Globo tenta relativizar as matérias do Site Intercept Brasil e do jornal Folha de S. Paulo que revela o procurador Deltan Dallagnol tentando enriquecer ilicitamente. O jornalista Merval Pereira afirmou que as informações confirmadas em mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram são uma questão de "interpretação". O Jornalista afirma que os diálogos escritos ou falados entre o ex-juiz Moro e os procuradores da Lava Jato (leia-se Deltan Dallagnol) não revelou nenhuma ação que distorce a investigação, que forjasse provas inexistentes, que indicasse conluio contra qualquer investigado da Operação Lava Jato, muito menos o ex-presidente Lula, e que este é o objetivo evidente da operação de invasão de celulares. Segundo o jornalista "estamos até o momento no terreno da interpretação das leis. Assim como o site Intercept Brasil, que divulga o material tem lado evidente, vendo ilegalidade em todas as conversas entre os personagens, há inúmeros juristas e advogados que entendem ao contrário." O jornalista tenta a todo custo transformar as relações promíscuas dos envolvidos em 'sinergia' [que em uma compreensão livre é definida como o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa complexa ou função] e que tudo é perfeitamente normal. Esta tese acabou de ruir, no momento em que corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Orlando Rochadel Moreira, inicia uma Reclamação Disciplinar, contra os envolvidos, e é rechaçada pela maioria esmagadora dos juristas brasileiros.
Questão de interpretação é uma vírgula fora do lugar, ou até uma frase fora do contexto. O que as mensagens e as conversas mostram é um verdadeiro Conluio, que além de determinar (fraudar) os resultados das eleições de 2018, afastando um dos candidatos ao pleito, apresenta agora mais uma faceta, a do enriquecimento ilícito. O que será que ainda estar por vir?