Michelle Bachelet alta comissaria da ONU sofre ofensas do presidente

05/09/2019

O presidente Bolsonaro já deixou claro em várias oportunidades que a troca de farpas, entre Brasil e França vai além de uma simples crise política, chegando ao nível pessoal e familiar. Chegamos à triste conclusão que essa vai ser a forma de tratar este tipo de questão durante seu governo. No meu tempo de criança fazia-se um risco no chão e dizia que quem cuspisse do outro lado, estava xingando mãe do outro, os que tiverem mais de 40 ou 50 vão se lembrar disso. Ao ser contrariado pelo presidente da OAB Brasil o presidente ofende seu pai, questionando as causas de sua morte durante o regime militar, ao ser contrariado pelo presidente da França ele vai para a chacota de mal gosto "a sua e feia, a minha e bonita" comparando as primeiras damas. Ontem (4) o alvo de suas ofensas foi a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, onde elogia a tortura e a morte de seu pai. Voltando a crise com a França, na semana passada o presidente ironiza e diz que abandonaria as canetas Bic porque a marca é francesa. A quem continue a defender estes atos do presidente como uma forma de preservar a soberania nacional. Fomos pesquisar e constatamos que de acordo com vice-presidente da Câmara de Comércio França-Brasil, economista Octavio de Barros, "As empresas francesas já são hoje as maiores empregadoras estrangeiras no Brasil. Elas são as maiores pagadoras de tributos no Estado de São Paulo". No caso da caneta Bic, talvez o governo ignore que 95% das canetas vendidas no país são fabricadas em Manaus, onde a empresa tem cerca de 1.000 funcionários. No primeiro trimestre do ano, a França despontou como o país que mais concretizou investimentos diretos no Brasil, num total de US$ 8,6 bilhões. Foi um recorde. Em uma lista publicada em em julho pela Camex (Câmara do Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia) os EUA só aparecem na quinta colocação enquanto o mesmo relatório aponta que no mesmo período mais de 1.000 empresas francesas se instalaram no país e geraram empregos a cerca de 500 mil pessoas, a grande maioria brasileiras. Felizmente os especialistas franceses notaram que a grande maioria dos brasileiros são totalmente contra este tipo de provocação institucionalizada, e que não há por parte dos consumidores nenhum boicote às marcas francesas. Chenut é um destes especialistas e diz "Eu faço parte de um grupo no WhatsApp com as maiores empresas francesas no Brasil e tem uma vigilância grande sobre as reações dos consumidores brasileiros, sobre um eventual boicote contra elas, um french bashing, nota. Mas, no final das contas, nada aconteceu." A mensagem que fica é que o Brasil tem hoje um presidente que não o representa.