Cortem-lhe a cabeça!

16/07/2019

O governo do presidente Bolsonaro, está como um barco ao sabor das ondas e sem ninguém no controle. O perigo disso, é que ninguém sabe onde vai parar. Em abril a equipe do governo percebeu que desde 1995 nenhum presidente tinha tido um índice de aprovação tão baixo, Bolsonaro teve o chamado período de lua de mel com menor duração dos últimos 30 anos, chegando mesmo em um discurso no Palácio do Planalto pedir "desculpa pelas caneladas" e afirmar com orgulho que não nasceu para presidente, e sim para militar. Sua carreira militar que começou aos 15 anos quando ele e amigos forneceram dicas para os militares sobre possíveis esconderijos (alcaguetes) de Carlos Lamarca, não válida esta declaração. A partir dos 18 passou por várias instituições militares Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx). Integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu no 21º GAC no Rio de Janeiro como Aspirante a Oficial e no 9º GAC no Mato Grosso do Sul. Parece até que realmente o presidente estava no lugar certo. Só que um documento produzido sobre ele, mostrou um outro Bolsonaro. Os documentos produzidos pelo Exército Brasileiro na década de 1980 mostram que os superiores de Bolsonaro o avaliaram como dono de uma "excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente". Segundo o superior de Bolsonaro na época, o coronel Carlos Alfredo Pellegrino, Bolsonaro "tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos". Qualquer semelhança com os dias atuais, então não é mera coincidência. Além disso atos de insubordinação o levou a prisão por 15 dias e depois a corte militar por suspeita de tramar ações com bombas de baixo poder destrutivo em quartéis pelo Estado do Rio de Janeiro. Tudo com o alegado protesto de baixos salários. O que já demonstrava sua forma de agir com os que vão contra seus interesses. No julgamento, um laudo grafotécnico corporativista feito pela Polícia do Exército, declarou que as provas eram insuficientes por não permitirem comparações caligráficas, uma vez que fora usada letra de imprensa. O STM resolveu absolveu os oficiais, que assim foram mantidos nos quadros do Exército. Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva, com a patente de capitão. Mais tarde (o que já era tarde) um laudo da Polícia Federal, desmentiu o da Polícia do Exército e confirmou que a caligrafia era sim do Capitão Bolsonaro. Estas ações contradiz sua declaração que nasceu para militar. Já o fato de não ter nascido para presidente, isso sim, é uma verdade incontestável. Em seis meses do governo, já aconteceram tantas mudanças no primeiro e segundo escalão que nunca se sabe quem será o próximo a perder a cabeça. Recentemente o presidente reclamou do congresso e disse que estavam tentando o transformar na rainha da Inglaterra (uma personagem que não manda nada). Pesquisando a literatura encontramos um personagem que se parece com nosso presidente. Não consegue parar de falar bobagens, não tem empatia e é realmente explosiva e egoísta, que quando fica zangada, não para de pedir para cortar a cabeça das pessoas. Destronou a irmã Rainha Branca para governar tiranamente o País das Maravilhas. Trata-se da rainha vermelha do clássico "Alice no país das maravilhas". O jargão da rainha vermelha serve muito bem para o governo Bolsonaro, se irrita ou é contrariado, ele vai gritar "Cortem-lhe a cabeça!"