Obstrução a quatro mãos

26/06/2022
O crime de obstrução judicial atribuído a Jair Bolsonaro, por ter alertado o ex-ministro Milton Ribeiro sobre uma ação da Polícia Federal, pode ter sido cometido a quatro mãos. A PF (Polícia Federal) integra a pasta da Justiça do ministro Anderson Torres, e mantém o ministro informado de todas as missões e operações deflagradas diariamente. A possível ligação do presidente ao ex-ministro da Saúde, alertando que poderia ser alvo de buscas na investigação sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação, foi dada de Los Angeles, onde participava da IX Cúpula das Américas. Coincidentemente o ministro da Justiça, integrava a comitiva presidencial e por essa razão pode ser responsável e passar a informação ao presidente. Esse caso desnuda algumas facetas deste governo, que embora conhecidas não tinham materialidade. A conversa telefônica interceptada entre o ex-ministro e sua filha, citando textualmente o presidente, indica, a interferência do presidente, a existência de aparelhos para conversas sigilosas, que não deve ser exclusividade do MEC. O ministro interrompeu a conversa com a filha, logo que ela o avisou que estava ligando do "celular normal". Ah é? Ah, então depois a gente se fala", responde Milton Ribeiro e desliga, além de uma clara ingerência na PF, que descumpriu uma determinação da Justiça de transferir Ribeiro, logo após a prisão. Como justificativa a PF diz problemas logísticos, mesmo tendo no dia, duas aeronaves que servem a essa atividade, em terra. Tem muito caroço debaixo desse angu. Em breve possivelmente teremos um delegado transferido ou exonerado e a decretação de sigilo de 100 anos nas investigações.