PRIVATIZAÇÕES… SE NÃO DEU CERTO LÁ NOS EUA, PORQUE DARIA AQUI?

09/10/2019
Foto Divulgação/Arquivo Bancarios SP
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Foto Divulgação/Arquivo Inst. Liberal MG
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De acordo com a pauta do ministro da Economia Paulo Guedes apoiada pelo governo, segue como prioridade as privatizações de empresas públicas brasileiras. Uma proposta que coleciona críticas de especialistas que afirmam que o Brasil está caminhando na contramão do mundo. Uma entidade holandesa realizou uma pesquisa em 2017 a Transnational Institute (TNI) e identificou que entre os anos de 2000 á 2017 aconteceram nada menos que 884 casos de reestatização, entre os anos de 2000 e 2017. No total 835 empresas que haviam sido privatizadas foram municipalizadas e outras 49 foram nacionalizadas. Até mesmo os EUA exemplo para o governo bolsonaro, figura na terceira posição do ranking. Registrando 67 reestatizações no período monitorado pela TNI. Se lá não deu certo, porque funcionaria aqui? A presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal nas Américas (Contram), Vilani Oliveira, afirma que a perspectiva neoliberal que dá sustentação às privatizações contrasta com o interesse público. O Brasil, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, possui um total de 138 estatais federais, este número sobe para 400 quando são contabilizadas as empresas ligadas a estados e municípios. E este também é o maior argumento do ministro Guedes para defender a venda das companhias, segundo ele o Brasil teria um número excessivo de estatais. Tomando por base estes números, até seria uma justificativa plausível a venda de estatais. Entretanto segundo o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Marcos Verlain, a lista de privatizações do governo tende a comprometer aspectos considerados elementares, como a soberania nacional. Em agosto, foi apresentada uma lista com o nome de 17 empresas a serem vendidas pelo governo, como Correios, Telebras, Casa da Moeda e Serpro. Segundo o analista, por estas empresas a venda e como se os EUA vendesse a Nasa. Dá pra imaginar os Estados Unidos com a Nasa privatizada? O foco das privatizações não deveria ser o fato de termos demais ou de menos, e sim mantermos ou não nossos setores estratégicos. Água é um ativo estratégico, energia é estratégica, tecnologia é estratégica", enumera o analista. A pauta das privatizações de empresas públicas encontra resistência também nos segmentos sociais. Uma pesquisa Datafolha divulgada no mês passado mostrou que 67% dos brasileiros rejeitam a ideia. A pesquisa da TNI também aponta que, nos lugares ou já houveram privatizações, a prestação dos serviços públicos sofreu alta no preço e queda na qualidade. E a explicação é muito óbvia, "Prestar alguns serviços essenciais de natureza pública custa caro e só o Estado é capaz de fazer com qualidade. Com chega um período de crise, o setor privado se retira porque não consegue obter os lucros absurdos que ele sempre pretende quando vai pra essa área, como é o caso das de fornecimento de água e de limpeza urbana, de saúde e comunicação. Investir em infraestrutura nessas atividades custa caro e sempre é assim: o Estado faz o melhor investimento e, depois, elas [as empresas] exploram o serviço. Como isso tem um ciclo, acaba, no final da história, voltando pro Estado esse papel porque os serviços são essenciais à população", destrincha Sandro Oliveira Cezar, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social.