FERIDAS

02/05/2019

Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler, estabeleceu um padrão de difamação e estigmatização dos inimigos do nazismo. Fazia uma campanha de detratação do rival a ser derrotado. Apresentava "fatos", "números" e "testemunhas". "Demonstrava" o perigo que aquele grupo representava à sociedade alemã e como deveria ser combatido e extinto sem qualquer hesitação. Foi assim com os judeus e os comunistas, entre outros.

As técnicas de convencimento da massa usadas pelos extremistas se modernizou em seu formato porém, em essência, continua sendo o mesmo. "Demoniza-se" o "inimigo" apresentando-se seus "vícios" e "virulência". Ressalta-se o "mal profundo" que causa à sociedade.

Para cortar verbas das universidades o governo Bolsonaro faz uma campanha sórdida, falaciosa, desonesta, levando a população a crer que as instituições de ensino são locais de promiscuidade sexual e festas regadas a álcool e todo tipo de drogas. Procura-se também mostrar que estas instituições usam o dinheiro público de forma inconsequente e irresponsável e que pouco ou nada "produzem de útil" para a sociedade...

É a mesma estratégia utilizada durante a campanha eleitoral para a presidência da república. Os governos de esquerda foram apresentados como "monstros" que buscavam corromper crianças com material pornográfico a ser distribuído nas escolas. Mostraram "cartilhas" com "incentivo à homossexualidade" e até insinuaram que militantes estariam "masturbando" crianças em creches. Eles não possuem limites.

São poderosas as forças que o ódio liberta. Hoje ataca-se a tudo e a todos o tempo todo. Em breve todo este ódio acabará se juntando em uma única onda de destruição. Rosseau dizia que a massa é acéfala e uma vez que ela explode é incontrolável. As marcas desta campanha contra universidades, professores, intelectuais e artistas, ficarão por décadas na sociedade brasileira. Essas feridas não se fecham com facilidade.

Colaboração. Professor Marcos Luiz/RJ