REPORTAGEM - Liberdade de expressão que nada!

16/04/2024

Além de controlar a plataforma X, antigo Twitter, que vende anúncios para propaganda, o multibilionário Elon Musk controla outras empresas, desde fábricas de foguetes até de carros elétricos. No Brasil, o empresário, que mantém uma cruzada contra o governo e o Judiciário brasileiro, têm ao menos dois negócios no país níquel e satélites e um interesse: o lítio. Com um patrimônio líquido no valor de R$ 960 bilhões, segundo a revista Forbes, Musk é considerado a segunda pessoa mais rica do planeta. Entre seus principais interesses está o da mineração que abastece suas indústrias com materiais necessários para produção. A fabricante de veículos elétricos Tesla, controlada por Musk, fechou contrato "de longo prazo" com a mineradora brasileira Vale, anunciado em maio de 2022, para o fornecimento de níquel a partir das operações da Vale no Canadá. A companhia brasileira também extrai níquel no Pará. Especialistas ouvidos pela Agência Brasil acreditam que existe interesse de Musk pelo lítio brasileiro. O insumo é chamado de "ouro branco" ou "petróleo do século XXI" e é um dos minerais considerados "críticos" de importância central para transição energética e para as baterias dos carros elétricos. A estimativa é que a procura pelo minério deve se multiplicar nos próximos anos.

Brasil tem importantes reservas, apesar de não ser local das principais reservas do planeta. Estima-se que 53% do lítio na América Latina esteja concentrado em países como Chile, Bolívia e Argentina. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil tem a 15ª maior reserva de lítio, com 800 mil toneladas do minério estimadas. Já o MME (Ministério de Minas e Energia) sustenta que o Brasil é dono da 7ª maior reserva de lítio do mundo, com 1,23 milhão de toneladas, sendo o 5ª maior produtor mundial. O MME justifica que a diferença se deve ao fato de considerar "a parte economicamente lavrável dos recursos medidos". "Ao contrário da maioria dos países, o lítio encontrado em Minas Gerais é de alta pureza, facilitando seu uso na fabricação de baterias mais potentes." No Brasil, as principais reservas se concentram na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Uma noticia tem tirado o sono do multimilionário, a empresa canadense que atua no Brasil na exploração do litio , a Sigma Lithium, está em processo de venda para a chinesa BYD, umas das principais concorrentes da Tesla do Musk, isso está preocupando Musk, segundo avalia Hugo Albuquerque, jurista e editor da Autonomia Literária, editora que publica textos ligados aos movimentos sociais. "A BYD está dominando todas as cadeias da produção mais centrais e avança na sua posição global. Antes, lembremos, Musk admitiu ter apoiado o golpe na Bolívia justamente por causa do lítio", comentou o especialista. Em julho 2020, em um debate no X sobre a acusação de que os Estados Unidos estariam por trás da destituição do presidente boliviano Evo Morales, ocorrida em 2019, Musk afirmou: "vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso". Enquanto isso, a BYD, inclusive, anunciou que vai operar fábricas de carros elétricos na Bahia. O fundador do Observatório da Mineração, o jornalista Maurício Angelo, que investiga a atuação das mineradoras no país desde 2015, avalia que a aquisição da Sigma pelos chineses será um grande problema para Musk. A mineração é um setor restrito, as jazidas são restritas, estão localizadas em países e regiões específicas. Então você não pode escolher onde vai operar, extrair e negociar", explicou Angelo, acrescentando que "se a BYD adquire a Sigma, para o Musk é um problema, porque você está fortalecendo um concorrente direto no Brasil, no país estratégico como é o Brasil". O professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (Ufabc), Gilberto Maringoni, alerta ainda que existe a preocupação das empresas interessadas no lítio, e dos países onde elas estão sediadas, de que as nações que detêm essas reservas não formem um cartel como a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). Maringoni lembrou que o presidente da Bolívia, Luis Arce, que governa o país que tem uma das maiores reservas de lítio do mundo, manifestou interesse em criar uma Opep do lítio com os demais países latino-americanos donos de grandes reservas. "[A ideia de Arce] é a formação de um cartel internacional dos produtores de lítio, não só para discutir preço, mas como vai ser feita a exploração das reservas. Porque as empresas chegam com uma proposta extrativista, você cava o buraco e leva o material embora, uma coisa semicolonial. E o que o Arce quer é criar uma indústria do lítio aqui", comentou Maringoni, que também coordena o Observatório de Política Externa do Brasil (Opeb). Em julho de 2022, o governo de Jair Bolsonaro publicou o Decreto 11.120, liberalizando a exploração de lítio no Brasil ao determinar que a exportação e importação do mineral "não são sujeitas a critérios, restrições, limites ou condicionantes de qualquer natureza, exceto aqueles previstos em lei ou em atos editados pela Camex (Câmara de Comércio Exterior. O decreto beneficiária diretamente seu parceiro Elon Musk, que não teria resistência já que a Camex era formada por seus ministros mais fieis.

Outro interesse do empresário no Brasil é em relação a sua empresa aeroespacial SpaceX. Em janeiro de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o uso de satélites Starlinks, da SpaceX, no país. O professor da federal do ABC, Gilberto Maringoni, destacou que o interesse de Musk com a Starlink é imenso, porque todo o fluxo de informações que circula na Amazônia está sob controle do grupo estrangeiro controlado pelo empresário. Um risco para soberania nacional e um conflto de interesses. Quanto se fala em todo o fluxo de informação, estamos falando em dados e informações sigilosas da área de saúde pública, das delegacias de polícia, de escolas e ate mesmo das FFAA (Forças Armadas). Toda conexão na região é feita pela empresa de Musk. Ele detém, então, o poder de apagar a Amazônia e provocar um colapso. Além disso, ele tem contratos também com as Forças Armadas e com algumas áreas da justiça. É muito mais do que a exploração do lítio, explicou. Diante dos ataques de Musk ao Judiciário brasileiro, o Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MP-TCU) pediu que o Tribunal exija informações do governo federal de quais contratos mantém com a Starlink, incluindo as Forças Armadas. "Caso haja confirmação da existência desses contratos, deve o TCU determinar a sua imediata extinção, por conta da violação à soberania nacional defendida pelo Sr. Elon Musk", afirmou o Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado. A petição assinada no último dia 10 de abril está sob a relatoria do ministro do TCU, Aroldo Cedraz. Logo após a autorização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) Bolsonaro recebeu Musk pessoalmente no país, além de ter sido condecorado com a medalha da Ordem do Mérito da Defesa pelo Ministério da Defesa. Uma premiação que é dada a personalidades que prestam "relevantes serviços" às Forças Armadas. Desde então a Starlink tem, desde então, avançado no mercado brasileiro, em especial, nos locais de difícil acesso da região amazônica. Em fevereiro de 2023, a Anatel prorrogou os direitos de uso da companhia estadunidense por entender que ela contribui "com o progresso de nossas telecomunicações". Musk quer expandir a rede de internet possibilitada pelos satélites da Starlink para prospectar a Amazônia ou vencer disputas no Ministério da Educação. Entretanto, ele entende que para conseguir tudo isso, precisa trocar o governo aqui". Não há dúvida que o empresário trabalha na desestabilização do governo brasileiro para facilitar seus negócios no Brasil, já que ele tinha um canal mais direto de negociação com o governo anterior. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), relata que tem sido comum encontrar antenas da Starlink em garimpos ilegais, informou, em nota. Antes da operação da companhia, esses garimpeiros, destaque para ilegais. Tinham dificuldade de se comunicar, de acordo com o jornalista do Observatório da Mineração, Maurício Ângelo. "Os garimpeiros ilegais que atuam na Amazônia conseguiram a solução para o problema de conectividade que sempre tiveram via Starlink de 2022 para cá", comentou. Imagine uma tecnologia que detém o trafego de comunicação governamental, nas mãos desses ilegais.

Fonte. Agência Brasil