REPORTAGEM - Seria cômico… Não fosse triste

10/06/2024

Essa história certamente não é única, em um país cheio de disparidades. Com 63 anos em 2016, Jorge Teófilo de Oliveira, tentou pela primeira vez pedir uma aposentadoria ao INSS (Instituto Nacional de Seguro Social ), foi quando o idoso descobriu que para o Instituto, ele estava morto. Hoje aos 71 anos, o morador da Estrutural, com apoio da Defensoria Pública do DF (DPDF), conseguiu anular a certidão de óbito, mas ainda não recebeu o que lhe é devido. Jorge contou ter descoberto o erro em 2020, ano em que procurou a Defensoria para tentar ajuda a fim de receber a aposentadoria. "Descobri que um religioso da minha cidade natal, no interior de Goiás, ao ajudar um outro morador em situação vulnerável a ter aposentadoria, utilizou os dados da minha certidão de nascimento", diz. Alguns anos depois, o tal morador faleceu e a certidão de óbito foi emitida com os dados de Jorge. "A Defensoria que me ajudou a entender o que tinha acontecido. Foi quando comecei a correr atrás de consertar o erro", completa. Segundo a Defensoria Pública, o religioso da cidade natal de Jorge, na intenção de ajudar o morador que não tinha nenhum documento, utilizou os documentos de Jorge para registrá-lo. A certidão de nascimento e outros documentos de Jorge estavam no interior, pois a mãe dele, ao se mudar para Brasília, não os trouxe. Na cidade, o homem começou a se passar por Jorge, recebendo aposentadoria em nome dele. Jorge mora na Estrutural com um filho de 16 anos. Segundo o idoso, a aposentadoria seria importante para ele conseguir gerir a casa sem fazer trabalhos pesados. Atualmente, ele trabalha como catador para conseguir ter alguma renda. "Eu não sei nem falar quando vou conseguir resolver essa questão. Eu tenho que receber. [Enquanto isso], estou pegando papelão, lixo, como catador. Mas nessa idade, eu já estou muito cansado", relata. Agora, após a emissão de uma nova certidão de nascimento, que serve de prova que esta vivo, Jorge deve procurar novamente o INSS para dar entrada em um novo processo. Procurado, o INSS não se posicionou sobre o caso. O espaço segue aberto para futuras manifestações.