TECNOLOGIA - Elon Musk usa robôs para impulsionar suas acusações contra ministro e contra a democracia brasileira “Modus Operandi”

O debate digital em torno do embate entre o bilionário de extrema direita Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem mobilizado duas principais comunidades, que se diferenciam pelos índices de interações e pelo uso de robôs. Segundo um levantamento do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais (Netlab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgado pela coluna A Escuta das Redes, do jornal O Globo, o grupo que impulsionou o posicionamento do bilionário contra Moraes apresenta maior proporção de contas consideradas falsas. As decisões de Moraes para a retirada de perfis estão no centro do embate com o dono do X, que criticou as determinações e ameaçou descumpri-las. Musk passou a ser alvo de dois inquéritos no STF pelo episódio. Foram mapeados cerca de 90 mil posts no X (antigo Twitter) entre os dias 8 e 9 de abril, com 39 mil contas postando conteúdo em inglês e outras 30 mil em português. Marie Santini, fundadora e coordenadora do NetLab, explica: "desenvolvemos um classificador baseado em inteligência artificial que identifica contas inautênticas. Observamos que Musk usa a plataforma dele para anabolizar o debate desde o primeiro dia do confronto digital com a Justiça brasileira". Santini destaca que, entre as postagens em inglês, cerca de 41% vieram de contas falsas "que estão ali para manipular o debate". No caso dos perfis em português, a proporção de contas inautênticas é de 35%. "Quando decidiu que iria comprar o Twitter, Musk bateu muito na tecla de que a rede tinha robôs demais, para tentar baixar o valor da compra. O empresário disse que iria eliminar esse cenário, mas não é o que está acontecendo. Obviamente, ele está usando a possibilidade em prol de si, para se promover e avançar suas pautas", avalia a pesquisadora. Na comunidade que propaga o discurso do empresário, a proporção de contas consideradas autênticas é de 49,88%, enquanto a porcentagem de robôs é de 47,97%. Outras 2,15% não foram categorizadas.Na base oposta, 58,67% foram classificadas como autênticas, 35,58% como robôs e 5,75% não foram categorizadas. O Netlab aponta que a taxa superior de contas inautênticas na base de apoio a Musk pode indicar um maior impulsionamento dos discursos relacionados ao dono do X.